Ontem lendo um trecho do livro de Clarice Lispector (A Paixão
Segundo G.H.), fiquei maravilhada com a quantidade de pensamentos e associações
que me ocorreu após a leitura.
O que aconteceria se você perdesse uma "terceira
perna"? Clarice comenta que perdeu
uma terceira perna, que sente falta porque a possuía, mas por outro lado foi
liberta, porque afinal de contas, ninguém anda com três pernas! Um tripé é fixo, tem base
firme, mas não consegue andar, se locomover... incrível!
O quanto será que isso estava carregado de comodismo,
mesmisse, insegurança revestida de falsa segurança, algo incerto e frágil coberto
por uma carapaça bonita mas dura e não maleável.
Fico pensando quantas vezes usamos, não talvez uma terceira
perna, mas uma muleta, uma desculpa, uma mentira que contamos para nós mesmos.
Quantas vezes criamos uma segurança dentro de nossa cabeça que nos doutrina a pensar que "tudo está ótimo, obrigado" quando na
verdade estamos com medo de resolver os enigmas e parar de contar história para
nós mesmos.
Essa imagem de perder uma terceira perna e sentir falta dela
me intrigou, pois me fez pensar em como é fácil acostumarmos com coisas e
situações não necessárias, apenas pelo fato de serem cômodas.
Me deixou pensativa porque é realmente muito fácil "apoiar-se"
na terceira perna porque aí é formato o tripé e nada mais nos abalará. De fato,
mas também do lugar não iremos sair.....
E você? Quantas pernas você tem hoje?
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